segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A música para o homem


                    A música na Bíblia sempre acompanha um evento. Ela não é vista como uma ocupação a ser perseguida por si mesma – a arte pela arte em si – simplesmente para o deleite pessoal, mas ela é sempre funcional. Como a música sempre é a expressão de uma cultura, descobrimos que o desenvolvimento da música na Bíblia refletirá os vários estágios de desenvolvimento do povo de Israel.
                              Música para o Homem
                A música desempenhava uma parte importante na vida dos israelitas e os acompanhava em muitas ocasiões. Já no princípio, em Gênesis 4:21, descobrimos que o pai dos instrumentos musicais era Jubal, filho de Lameque, sete gerações depois de Adão. Ele inventou a lira (kinnor), e a flauta (ugav). Já o nome Jubal (yuval = chifre de carneiro) traz em si uma referência ao mais destacado dos instrumentos em Israel, a saber, o shofar (chifre de carneiro). Jubal tinha um irmão, Tubal-Cain, o qual fabricava ferramentas de bronze e de ferro. Tem sido assumido, de forma geral, que ele provavelmente deve ter tentado construir os primeiros instrumentos de metal, tais como a trombeta. Conforme continuamos na leitura do livro de Gênesis, o capítulo 31:27 relata a história da fuga de Jacó de Labão, e nos apresenta um instrumento adicional, o tamborim (tof). Ao mesmo tempo, o primeiro conjunto para execução de música na sociedade nos é apresentado: era costume enviar pessoas no caminho, celebrando com a execução de música e com júbilos.
               Os instrumentos encontrados até aqui  eram pequenos e portáteis, e fabricados com materiais encontrados facilmente no contexto geográfico e econômico do nomadismo: juncos, peles de animais, madeira, cascos de tartaruga, etc. Eram tocados ou como instrumentos solo ou usados para acompanhar o canto.
                Durante o período patriarcal, os instrumentos musicais também eram formas importantes de comunicação. Exclamações ou aclamações eram usadas para celebrar, por exemplo, a descoberta de um poço (Números 21:17-18), ou para marcar um pacto com uma tribo, ou um chefe, ou uma causa (Êxodo 17:15; Juízes 7:18). Mais tarde, na história de Israel, durante a sua peregrinação pelo deserto, sinais dados pelas longas trombetas de prata (hatsotserah), feitas com o precioso metal trazido do Egito (Êxodo 12:35-36) e construídas de acordo com as instruções de Deus (Números 10:2), comunicavam as várias atividades do acampamento, tais como reuniões, montagem do acampamento, assembléias, guerra, bem como festas e celebrações (Números 10:3-10). Como uma lei perpétua, era permitido apenas os sacerdotes tocarem as trombetas (Números 10:8). De forma semelhante, o uso do chifre de carneiro também era
limitado a papéis específicos, tais como a sinalização da guerra e dos eventos de culto. O shofar ocupa um lugar de destaque entre os instrumentos de Israel. Cercado de simbolismo religioso e espiritual, a história de seu uso é traçada pela tradição até o sacrifício de Isaque. A primeira referência feita pelas Escrituras (Êxodo 19:19) conecta o shofar com o evento da promulgação da Lei sobre o Monte Sinai. Os dois tipos de trombetas (o shofar e  as hatsotserah) tornar-se-iam para os profetas, assim como para a igreja do Novo Testamento, como símbolos do Dia do Senhor (Isaías 58:1; Jeremias 4:5; Ezequiel 33:3-4; Oséias 5:8; Joel 2:1; Amós 2:2; Zacarias 9:14. Veja também Apocalipse 8 e 9; I Crônicas 15:52) e freqüentemente eram associadas com a voz do próprio Senhor (I Tessalonicenses 4:16; Apocalipse 1:10).
            Além dos sinais e aclamações, a Bíblia também menciona cânticos de triunfo (Êxodo 15:21) ou de vingança e lamentação (Gênesis 4:23-24), para acompanhar e guerra e a vitória. O livro de Números (21:14) faz inclusive referência a uma coleções de cânticos épicos, o “Livro das Guerras do Senhor”, que relata as vitórias do Senhor sobre os inimigos de Israel.
             A recepção aos heróis era celebrada com cânticos, tocando tamborins e danças. Repetidamente encontramos cenas na Bíblia onde um grupo de mulheres ou moças celebra a vitória ou os vitoriosos desta forma: Miriam e as mulheres israelitas depois de cruzarem o Mar Vermelho (Êxodo 15); a filha de Jefté recebendo seu pai depois de sua vitória sobre os filisteus (Juízes 11:34), as jovens celebrando a vitória de Davi sobre Golias (I Samuel 18:6), etc.
              A execução de música na Bíblia também está associada com cura e inspiração. Davi tocou harpa diante de Saul para acalmar seu espírito agitado (I Samuel 16:23) e o profeta Elias pediu para que tocassem diante dele para que recebesse inspiração (II Reis 3:15). Durante o período do nevi’im (o décimo século A.C.), vemos grupos de profetas vagueando pelo país tocando instrumentos, cantando, dançando e profetizando (I Samuel 10:5).
            Como em todas as culturas antigas, a música também desempenhava um papel importante no trabalho diário. Muitas passagens mencionam como a execução musical acompanhava o trabalho dos que faziam a colheita (Isaías 16:10, etc.). Música instrumental e cânticos também eram uma parte integral das festividades freqüentemente denunciadas pelos profetas (Isaías 5:12; Amós 5:23; 6:5).
   Falaremos mais na proxima lição.

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